Dizem que quando alguém quebra um espelho, essa pessoa tem 7 anos de azar. E quando se quebra a confiança?
De Drummond: "Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim."
Calada ela ouviu todos os insultos e palavras duras que lhe foram dirigidos, engoliu em seco, não revidou. E todos os dias as mesmas coisas se repetiam. Agiu com amor e paciência. Se calou mais uma vez. As chuvas de pedras mais frias que granizo caiam em sua cabeça e machucavam seu corpo diariamente. Ela queria entender. Ela queria fazer aquilo parar. Vinham alguns minutos, diálogos, dias de paz, até que o normal voltava a acontecer. Aí então ela entrava em um ciclo vicioso e dolorido que se repetia por anos a fio. Quando era bom consolava mas quando era ruim desgraçava e abria novamente a ferida que continuava sangrando e amando, desmedidamente.